Este artigo fornece informações educacionais baseadSinais e Sintomasas em evidências científicas. Para diagnóstico e tratamento personalizado, consulte seu ginecologista.
Última atualização: 26 de dezembro de 2025
Próxima revisão programada: 26 de junho de 2026
Índice de Conteúdo
- Introdução
- 2. O que é Endometriose
- 3. Por Que Ocorre
- 4. Sinais e Sintomas
- 5. Diagnóstico
- 6. Tratamento
- 7. Perguntas Frequentes
- 8. Referências Bibliográficas
1. Introdução
A endometriose é uma condição complexa e frequentemente debilitante que afeta milhões de mulheres em idade reprodutiva ao redor do mundo. Caracteriza-se pelo crescimento anormal do tecido que reveste o útero (endométrio) em locais fora da cavidade uterina. Este guia abrangente foi desenvolvido para fornecer informações baseadas em evidências científicas sobre diagnóstico, tratamento e manejo da endometriose, capacitando pacientes e seus familiares a compreender melhor essa condição.
Compreender a endometriose é fundamental não apenas para o tratamento médico, mas também para melhorar a qualidade de vida das mulheres afetadas. Este artigo aborda os aspectos essenciais da doença, desde sua definição e mecanismos patogênicos até as opções de tratamento disponíveis e estratégias de autocuidado.
2. O que é Endometriose
A endometriose é uma doença inflamatória crônica em que o tecido semelhante ao endométrio cresce fora da cavidade uterina, mais comumente nas trompas de Falópio, ovários, peritônio pélvico e outros órgãos reprodutivos. Ao contrário do endométrio normal que reveste o útero e é eliminado a cada ciclo menstrual, esse tecido ectópico fica retido na pelve, causando sangramento interno, inflamação e formação de cicatrizes (aderências).
A endometriose afeta aproximadamente 10% das mulheres em idade reprodutiva, embora estudos sugiram que a prevalência real pode ser ainda maior, chegando a até 50% em mulheres com infertilidade. A doença pode variar significativamente em gravidade e apresentação clínica entre diferentes mulheres, desde casos assintomáticos detectados incidentalmente até formas severas que causam dor debilitante e infertilidade.
3. Por Que Ocorre a Endometriose
Os mecanismos precisos que levam ao desenvolvimento da endometriose ainda não são completamente compreendidos, mas várias teorias científicas ajudam a explicar como ela se desenvolve:
Teoria da Menstruação Retrógrada: A menstruação retrógrada, onde o sangue menstrual flui em sentido inverso através das trompas de Falópio para a cavidade pélvica em vez de sair pelo colo do útero, é considerada um fator importante. Nesse processo, células endometriais viáveis podem se implantar no peritônio e órgãos pélvicos.
Metaplasia Celômica: Células do peritônio pélvico podem sofrer transformação (metaplasia) em células semelhantes ao endométrio em resposta a estímulos inflamatórios ou hormonais.
Fatores Genéticos e Epigenéticos: Anormalidades genéticas e alterações epigenéticas em células endometriais e do sistema imunológico podem predispor certas mulheres à endometriose. Estudos mostram que mulheres com histórico familiar de endometriose têm risco aumentado.
Disfunção Imunológica: Mulheres com endometriose apresentam alterações no sistema imunológico, incluindo aumento de citocinas pró-inflamatórias, redução de células T regulatórias e disfunção de células natural killer.
Fatores Hormonais: A endometriose é altamente dependente de estrogênio. As lesões de endometriose contêm aromatase aumentada, uma enzima que produz estrogênio localmente, perpetuando a inflamação e o crescimento das lesões.
4. Sinais e Sintomas
Os sintomas da endometriose variam amplamente entre mulheres e não correlacionam necessariamente com a gravidade da doença. Algumas mulheres com endometriose avançada podem ser assintomáticas, enquanto outras com doença mínima podem apresentar sintomas incapacitantes:
Dor Pélvica Crônica: Um dos sintomas mais característicos, podendo variar de leve a severa, frequentemente piorando durante a menstruação.
Dismenorreia Secundária: Cólicas menstruais progressivamente mais intensas ao longo dos anos, diferentes das cólicas menstruais primárias que começam na adolescência.
Dispareunia: Dor durante ou após relações sexuais, que pode afetar significativamente a qualidade de vida e relacionamentos.
Infertilidade: Endometriose causa infertilidade em aproximadamente 30-50% das mulheres afetadas, através de mecanismos que incluem aderências, disfunção ovulatória e alterações no ambiente uterino.
Sintomas Gastrointestinais: Dor ao evacuar (disquesia), diarreia, constipação e desconforto abdominal geral, especialmente durante a menstruação.
Fadiga Crônica: Cansaço persistente que pode ser desproporcional ao nível de atividade.
Sintomas Urinários: Dor ao urinar e urgência urinária, particularmente se a endometriose envolve a bexiga.
Outros Sinais: Sangramento menstrual aumentado, menstruações irregulares, aumento abdominal e enjoo.
5. Diagnóstico
O diagnóstico da endometriose permanece desafiador, pois o padrão ouro é a confirmação histológica através de biopsia durante laparoscopia, um procedimento invasivo. Portanto, o diagnóstico geralmente combina avaliação clínica, história médica e achados de imaging:
Avaliação Clínica: História detalhada de sintomas, incluindo tipo de dor, duração, severidade e relação com o ciclo menstrual é fundamental.
Ultrassom Transvaginal: Técnica de imaging considerada o primeiro passo para investigação de endometriose, capaz de detectar endometriomas (cistos ovarianos preenchidos com sangue menstrual antigo) e adenomiose (forma de endometriose que afeta o miométrio).
Ressonância Magnética Pélvica: Oferece visibilização superior de lesões profundas e aderências, particularmente útil em casos de endometriose infiltrativa profunda.
Laparoscopia: Procedimento minimamente invasivo onde uma câmera fina é inserida na pelve para visualização direta das lesões. Permite não apenas diagnóstico, mas também tratamento simultâneo através de remoção de lesões.
Marcadores Bioquímicos: Estudos recentes exploram marcadores sanguíneos e de fluido peritoneal que possam auxiliar no diagnóstico, embora ainda não estejam disponíveis clinicamente.
6. Tratamento
O manejo da endometriose deve ser individualizado, baseado na severidade dos sintomas, desejo reprodutivo da paciente e resposta ao tratamento anterior. As opções incluem abordagens conservadoras, médicas e cirúrgicas:
Tratamento Médico/Hormonal:
– Contraceptivos orais combinados: Primeira linha de tratamento para dor relacionada à menstruação, funcionando através da supressão do crescimento endometrial.
– Progestinas: Medicações que reduzem o crescimento endometrial, disponíveis como pílulas, injeções ou implantes.
- Análogos GnRH: Causam supressão hormonal profunda, efetivos para dor mas com efeitos colaterais limitando uso a curto prazo.
- – Inibidores de Aromatase: Bloqueiam a síntese local de estrogênio, mostrando promessa em estudos recentes.
Tratamento Cirúrgico:
– Ablação/Excisão Laparoscópica: Remoção de lesões de endometriose, frequentemente oferecendo alívio sintomático duradouro.
– Histerectomia: Remoção do útero, considerada apenas quando outras opções falharam e a paciente não deseja gravidez futura.
Manejo Conservador:
- Analgesia: Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) como ibuprofeno ou naproxeno podem aliviar dor em alguns casos.
- – Técnicas comportamentais: Exercício regular, técnicas de relaxamento e fisioterapia pélvica podem melhorar sintomas.
- – Mudanças dietéticas: Redução de alimentos pró-inflamatórios pode auxiliar alguns pacientes.
7. Perguntas Frequentes
P: Endometriose leva a câncer?
R: Não, endometriose não é câncer, embora haja risco ligeiramente aumentado de certos cânceres (ovário e endométrio) em mulheres com endometriose. O risco absoluto permanece baixo.
P: Posso engravidar com endometriose?
R: Sim, muitas mulheres com endometriose engravidam naturalmente. Embora a endometriose aumente o risco de infertilidade, não torna a gravidez impossível. Opções de tratamento de fertilidade estão disponíveis.
P: Endometriose volta após tratamento cirúrgico?
R: Sintomas podem retornar em até 40-50% das mulheres dentro de 5 anos, dependendo da severidade e se o tratamento hormonal de manutenção é usado.
P: Como a endometriose afeta os relacionamentos?
R: Dor crônica, dispareunia e impacto na fertilidade podem afetar relacionamentos. Comunicação aberta com parceiros e apoio psicológico são importantes.
ário de Termos Técnicos
Endométrio: Camada interna do útero que se descama a cada menstruação.
Ectópico: Localizado fora do lugar normal. Na endometriose, tecido está ectopicamente fora do útero.
Peritoneal: Relacionado ao peritônio, membrana que reveste órgãos pélvicos.
Citocinas: Moléculas sinalizadoras que causam inflamação. Frequentemente elevadas na endometriose.
Laparoscopia: Procedimento minimamente invasivo com câmera fina para visualizar lesões.
Referências Bibliográficas
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